Tragédia em Brumadinho envolvendo a Vale S.A. traz consequências financeiras

Uma tragédia ambiental acometeu a cidade de Brumadinho, no estado de Minas Gerais, no início da tarde da última sexta-feira (25). O rompimento da barragem de rejeitos de mineração da companhia Vale S.A gerou impactos sociais, ambientais e financeiros. Vamos conferir o que isso afeta, também, na economia do país?

Antecedentes

Acontecimentos como esse causam consequências graves para os moradores da região e para o meio ambiente. Mas, antes das consequências, vamos falar um pouquinho sobre os antecedentes da tragédia?

Sabemos que o Brasil vem se recuperando de uma crise econômica que nos importuna desde 2014. Devido a essa crise, muitos órgãos governamentais vêm mergulhando em uma profunda desestabilização, além do corte de verbas e do desequilíbrio fiscal.

As instituições governamentais do meio ambiente foram as que mais sofreram com o corte de verbas. De 2013 a 2018, o Ministério do Meio Ambiente teve seu orçamento cortado em 1,3 bilhão de reais, sendo que é um ministério que, historicamente, já tinha o orçamento mais baixo em comparação com os demais.

Sendo assim, as expectativas para o departamento encarregado de fazer as vistorias e fiscalizações das mineradoras já eram baixas e continuaram diminuindo desde 2015.

A barragem que se rompeu, conhecida como barragem do Córrego do Feijão, foi construída em 1976 e não recebia rejeitos desde 2014. Segundo a Vale, a barragem passava por inspeções quinzenais.

Em dezembro de 2018, a companhia conseguiu uma licença para o reaproveitamento dos rejeitos da barragem e seu encerramento de atividades. Segundo a Agência Nacional de Mineração, a barragem do Córrego do Feijão possuía grande potencial poluidor, e pertencia à categoria de dano potencial alto, que traz perdas de vidas humanas e impactos econômicos, sociais e ambientais.

Consequências ambientais

Segundo o Corpo de Bombeiros, até a tarde do dia 29, houve 84 mortes e cerca de 300 pessoas desaparecidas. O rompimento liberou aproximadamente 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos. O maior impacto são nas águas. Os rejeitos podem chegar até o rio São Francisco, que passa por 4 estados brasileiros e duas hidrelétricas.

Para o presidente da Vale, como a barragem estava inativa desde 2015, o material não deveria se deslocar muito. Ele acredita que os riscos ambientais serão menores do que os de Mariana. Entretanto, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), a lama pode poluir 300 quilômetros de rio.

O rio Paraopeba, que banha o estado de Minas Gerais, é o mais atingido nesse caso e sofrerá danos ambientais seríssimos.

Antes e depois do rompimento da barragem do Córrego do Feijão
Região de Brumadinho antes e depois do rompimento da barragem do Córrego do Feijão. (FOTO: Reprodução)

Consequências econômicas e financeiras

Chegou a hora de falar como esse acontecimento atinge a nossa economia e o bolso da população brasileira.

Logo após a tragédia, a Vale perdeu mais de 72 bilhões de reais em valor de mercado. Essa é a maior perda da história do mercado de ações brasileiro em um único dia, que superou a Petrobrás em maio de 2018, quando esta perdeu mais de 47 bilhões. Os processos e multas em cima da empresa vão impactar todo o setor de mineração brasileiro.

Entretanto, após anunciar que está colaborando com as investigações das autoridades, a decisão de acabar com as barragens a montante – que é a estrutura considerada menos segura – está voltando a favorecer as ações da empresa.

Essa medida anunciada pela Vale vai lhe custar cerca de 5 bilhões de reais, além de reduzir a produção em 40 milhões de minério de ferro. Depois dessa decisão, o preço do minério de ferro no mercado internacional subiu mais de 10%, a maior alta em dois anos.

A decisão de acabar com as barragens pode ser a melhor atitude da empresa nesse momento, em comparação com as ações judiciais que podem lhe custar mais ainda.

Nesta quarta-feira (30), a Ibovespa operou em alta – aumento de 1% – devido principalmente a essa decisão da Vale, que deixou os investidores otimistas.

Além do mais, o famoso acionista Rogério Xavier, fundador da SPX, aproveitou a queda histórica da Vale e comprou ações da companhia ontem (29). Segundo ele, o desconto já estava sendo negociado antes da tragédia de Brumadinho. Ele também diz que o impacto do rompimento nos lucros da empresa deve ser pequeno.

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